domingo, 13 de setembro de 2009

MARTYRS - Pascal Laugier



Àqueles queridos camaradas, com quem compartilho tudo agora.

Acabei de ver um filme que mexeu profundamente comigo. Em diversos aspectos. Martyrs, de Pascal Laugier.
De início me pareceu algo aterrador, pela maneira como as coisas são mostradas e pela violência explícita com que tudo é apresentado. Mas vos digos, ós... uma hora e quarenta minutos de "projeção" posteriores acabaram comigo. Acabaram.
No melhor sentido que essa palavra pode trazer. Eu serei aqui bastante abstrato nos comentários e não vou tecer crítica a nada, além de dizer que, tecnicamente falando, o filme é um marco. Mesmo os não apreciadores da arte obscura (Rubão e Junior) devem colocar esse filme como parte de sua gaveta mental. O afeto, o vínculo amoroso... o amor de irmãos, irmãs, de não-sangue. A violência explícita, a gilete na carne, a tez se abrindo. Esse filme conseguiu fazer com que esses dois extremos se interligassem de uma forma tão terna e doce que eu ainda não consigo descrever direito. Isso tudo num conglomerado de pensar que realmente ignorância é uma bênção e de como não conhecemos e nunca conheceremos os bastidores da vida de ninguém. Aquele mundo privado que existe lá no fundo da consciência... Como conseguir viver tendo tudo tão concreto em mãos? Tendo tantas respostas? Como conseguir transformar cenas de tortura em uma prova de amor? E fazer você acreditar naquilo... Caralho isso deve estar parecendo muito confuso, mas eu ainda estou confuso com tudo que vi.
Mas na verdade o que me fez vir até aqui escrever isso foi que, enquanto assistia - e mais ainda no pós - e misturado a tudo que venho pensado ultimamente com relação a faculdade, trabalho, vida particular, íntima, família, perspectivas e projeções futuras, eu escrevi um texto. Estou copiando agora esse texto de uma papelzinho de agenda amassado e coberto de lágrimas.


Uma resoluta

Ela está lá, com as mãos trêmulas sobre a pia, olhando fixando seu próprio olhar no espelho. Range os dentes, e o ranger dá agonia nela mesma. Ela fecha os olhos. Muito forte. Dói. Ela puxa os cabelos e grita. Abre os olhos, enquanto grita, e olha para cima. Não sai do lugar. Bate na cara. Forte. Cinco vezes. Arranha o rosto. Sangra. Grita. Morde os pulsos. Rasga a roupa. E lágrimas escorrem. Pega uma tesoura. Enfia a tesoura no pulso. Uma vez. Com a esquerda no pulso direito. É canhota. Sente a dor aguda. Enfia mais 3 vezes. Cai. A queda é lenta em sua cabeça. Para ela, levou sete minutos até bater a cabeça na tampa da privada. Abre a têmpora. Logo o azulejo branco se torna vermelho. O sangue da cabeça se junta ao do pulso. Ela abre os olhos. vê o reflexo do próprio pulso aberto no sangue quente. Sorri. Sente-se feliz, como nunca antes. Diz "obrigado". Levanta-se, olha para si mesma, coberta de sangue, com roupas e tez rasgadas, sai do banheiro. Passa batom, ajeita os cabelos para trás, apanha uma blusa atrás da porta do banheiro, veste, e sai.

Fim

Makson Lima.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

BRÜNO - Larry Charles


Fiz um parágrafo novo aqui pra falar do seguinte: BRÜNO!
MAS QUE PORRA É AQUELA!?
Sei que você não curtiu Borat, mas cara, eu não consigo me lembrar a última vez que ri tanto no cinema. Só de estar digitando isso tudo aqui agora eu já tô quase vomitando as tripas de rir. Caralho, que que foi aquilo. QUE QUE FOI AQUILO?!
Aos homofóbicos, racistas, nazistas e preconceituosos em geral: ASSISTAM BRÜNO!
Crítica fudida ao mundo fútil e patético da moda, das celebridades, de tudo que envolve esse show bizz podre que envolve tanto dinheiro e glamour. Simplesmente genial. Não existe no mundo pessoa que encarne tanto um personagem quanto esse Sacha Baron Cohen. O cara é genial. Pensei que não superaria Borat aos meus olhos mas deus do céu, isso aqui vai além. Eu fiquei envergonhado na poltrana inúmeras vezes. EU PRECISO ver esse filme com você porque NÃO É POSSÍVEL que você não vá rir. Isso aqui é o mundo ista e de ismos arreganhado na cara de quem quiser pagar pra ver. Tenho dores de estômago de rir e acho que só vou poder pensar mesmo nesse filme como algo verdadeiramente crítico quando algumas imagens arrebatadoras de engraçadas sairem da minha cabeça.

MEU DEUS!

Makson Lima.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

PARANOID PARK - Gus Van Sant

Maravilhoso.
Extremamente minucioso. Cada lugar tem um movimento de câmera, um pensamento diferente. Na casa dele, tudo estático, pais desfocados. No colégio, câmeras lentas, movimento compassado, comprido. Na pista de skate, caralho, parece que os caras estão a gravidade zero. Melhor cena do garoto tomando banho. A união da água escorrendo, caindo, com a música, a lentidão... meu deus, que experiência. Vejo Milk e temo porque Milk não tem nada disso. Milk é maravilhoso, mas tradicional. Não acha? Paranoid Park, Elefante, estão em outra categoria, são feitos prum outro público.
Paranoid Park é simplesmente nauseantemente moribundamente belo.

Assista essa Tripa:
http://www.youtube.com/watch?v=ZkMDs3FXVzg

Makson Lima.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

THE HIGH END OF LOW - Marilyn Manson


A espera angustiante pelo novo álbum do Manson. Há quanto tempo você vem acompanhando isso? E por quantas vezes? Pra certas coisas, a imparcialidade deve imperar e eis aqui meu maior ponto fraco. Grande evento, comemoração. Coloca pra tocar. Vai, vai, anda logo.
Poucos ruídos... riffs repetidos de uma guitarra apodrecida... "Não consigo dormir até devorar você!" Tudo está claro!
Desde o melhor álbum de todos os tempos, MECHANICAL ANIMALS, Manson dedica suas obras às suas amantes do momento. Dentre tantas outras coisas. Rose McGowan, Dita Von Teese, Evan Rachel Green. Só que, neste caso, ele está sozinho. Foi abandonado pela sua Alice de 21 anos. Então a "dedicação" vem de outras formas. De formas mais mansonianas, diria. E mais um porém: a outra metade está de volta. A cerne, o âmago, a parte boa e tenra da carne. TWIGGY RAMIREZ, meu senhor. E com ele as cordas e ritmos débeis e todo tipo de coisa estranha que permeia a cabeça doente deste sujeito. Diga-me, algo poderia ser melhor que isso?
"Quero te foder como num filme estrangeiro", posterior àquele barulho cinefilicamente maravilhoso da película rodando num projetor. E ele grita. Ah, como grita. E geme, e profana, e deturpa. Mas de uma forma que só ele faz e de uma forma que só quem esteve diante de uma de suas pinturas entende. É aquela ligação psico-transcedental artista-fã, algo que todos aquém - e aqui me refiro a toda corja pútrefa de críticos fonográficos dos quais você sempre me fala - nunca entenderão.
Não existe a música The High End Of Low. Toda obra de Manson (excetuando PORTRAIT OF AN AMERICAN FAMILY e o EP subsequente) traz uma música homônima ao álbum, que sintetiza - transmogrifa - tudo que ali está, tudo que temos em 16, 14, 19 ou 13 faixas, em 5 minutos. Penso porque não desta vez.
"Eu tenho que olhar para cima só para ver o inferno" e então alcançaremos "O alto fim do baixo". E aqui existe todo tipo de interpretação não tão subliminar mas ao mesmo tempo transgressora de caminhos infinitos.
Sinto-me em casa. Num bordel baixo nível alemão, no festejo que Van Gogh realizou ao cortar a orelha, num concerto de Stravinski morto-vivo, no banquete que Dogget ofereceu ao terminar Alice Através do Espelho. Sinto-me sentado confortavelmente numa poltrona de veludo vermelho assistindo ao Armagedom acontecer. E o ritmo é tão bom. O grito áspero nos ouvidos me faz cruzar as pernas num íntimo de prazer e dor pragmática.
"Vou quebrar meus próprios braços, afiar meus ossos e golpear-lhe por cada vez que pensei em você". Ah, como ele entende... E quer saber o grito silencioso que permeia minha cabeça? TWIGGY'S BACK, BITCHES!

Makson Lima.

100 TEARS - Marcus Koch


Precisamos de merda as vezes. Duvida que todo ser humano ingeri merda uma vez ou outra? Sei que não. A merda cinematográfica é necessária. Precisamos disso pra sentirmos algo do tipo: "Ei, isso é péssimo! Levanta daí e vamos fazer um filme!"
Porra, como gosto de filmes de terror. Como gosto do palhaço-assassino-portando-cutelo-gigante-e-mutilando-todo-elenco-da-dita-geração-malhação. E litros e litros de sangue falso. O grande ator em cena! Mas isso aqui...
Me pergunto se é possível misturar um horror do nível de um Fulci, Bava com um drama pesado de um Lang, Bergman. É claro que é possível...
É isso que isso aqui trás. Aspiração. Inspiração. Exalação de odores e evacuação de dejetos.
Também me pergunto se o grande mal dessa geração é a falsa pretensão. Os egos inflados. Não seriam essas também as maiores virtudes? Toda uma geração que não tem nada a dizer?
E se fosse o seu? Um filho que nasce das mãos de muitos, neste caso, e somente neste caso, não deve ser considerado um estupro. De forma alguma.
Universitários cinéfilos aspirantes a cineastas, uni-vos! É possível fazer maravilhas do pó da aceitação e da nulação do incentivo. Mojica dizia...

Makson Lima.

terça-feira, 7 de julho de 2009

XIU XIU - Womens As Lovers (2008)


Querido amigo.
Tem tanto disco fantástico que merece a nossa atenção, mas tantos, que é difícil escolher por onde começar. Mas eu separei um aqui que é no mínimo curioso. Quer saber por quê?
A banda atende pelo nome de Xiu Xiu, estranho?
Bom, eles assumem o sentimento por bandas como Joy Division e The Cure. Pelo menos o gosto é bem interessante e desperta o interesse de muita gente. Mas se essas influências refletem no resultado final do disco, é uma outra história, mas fique tranquilo que o disco é bom. Existe a possibilidade do comentário ganhar um "up-grade", mas preciso de um processo. Quem sabe um ótimo para eles.
Enquanto escrevo o texto sobre o disco, rola a faixa F.T.W que é um atrativo bem melancólico mas que não beira ao suícidio. Não mesmo. Eu pelo menos acho que está bem longe disso, embora ser totalmente apelativo a isso.
Nas canções a banda aborda temas como Aids e a poluição violenta que os povos insistem em valorizar, a guerra. É tanta ansia pela banalidade. incrível!
Womens As Lovers é bem inconstante. Começa com levadas muito puxada pelo folk, mas ao mesmo tempo cai numa linha tridimensional de ruídos e sensações que é de ficar abismado.
Paisagem sonora, dentro de uma melodia com refrões grudentos, você acha isso possível?
Depois de ouvir esse disco, eu acho!
Destaco a versão de Under Pressure da incansável Queen. É uma bela versão.

O que está esperando?

Sugue essa tripa.

Fabiano Miranda

segunda-feira, 29 de junho de 2009

SONANTES - Sonantes (2008)


Para voltar a ativa eu trago um disco que mexe com meus instintos, momentos domésticos, bebendo vinho ou cachaça, independente da situação eu gostaria muito que "VOCÊ E TODOS, VOCÊ" apreciasse ao menos uma música, uma vez, algum dia. Faria isso por mim?

A novidade tem nome, mas antes de revelar o "tin-tin de bom" que esse disco tem, vale lamber um pouco a tela e iniciar com a parte introdutória dessa fina estampa.

Apresento à você o projeto Sonantes, que nada mais é que o 3 na massa com uma vocalista fixa. Você deve estar se perguntando, O que é 3 na massa? Calma, isso é outra história.

O que vale agora é descrever um pouco sobre Sonantes que conta com a aveludada-sexy-certeira-acariciada-única voz de Céu, que das novas vozes do cenário "indie-MPB", podemos dizer assim, é a que mais me agrada e disputa um lugar no podium com as "divas-mestras" Vanessa da Mata e Marisa Monte, que só pelo fato dessa comparação existir é motivo de ficar feliz. Afinal são vertentes diferentes que se completam na igualdade. Confuso? Deixa prá lá.

Esse disco abusa da virtuosidade dos ritmos regionais, dub e música latina. Tudo isso com a mais nobre das intenções entre os ritmos. Você pode não gostar dessa mistura, mas o interessante é o resultado final, pois apesar da mistura abrangente, o projeto soa como brasileiro e a levada se torna única e admirável.

Lançado nos EUA pela Six Degrees Records, o disco conta com 10 faixas que se completam. Em outras palavras seria como se narrasse um filme cena a cena. Nada de apertar o shuffle de seu aparelho, a regra é seguir a ordem. Entendeu?

Comece pela faixa Carimbó e atento ao desenrolar de cada faixa, relaxe após Frevo de Saudade. Experiência realizada. Experiência recomendada.

Como toda obra tem a faixa mais interessante, ao menos de momento, eu aponto Toque de coito que conta com a participação de Suba da Fuloresta que dispensa qualquer tipo de comentários e Itapeva, que com a versatilidade de B-Negão faz justiça pelo que esse disco é capaz de fazer com você, pois o que ele fez comigo é um segredo não muito particular. Quem sabe um dia eu diga o que senti.

A pergunta que não quer calar. Vai encarar?

Sugue essa tripa.

Fabiano Miranda.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

AMORES PERROS - Alejandro González Iñárritu


O acaso é mesmo algo fascinante: uma série de eventos paralelos, num misto de acontecimentos convergentes e concomitantes. Será mesmo obra do acaso? Existe acaso?
Amores cachorros, mais precisamente o cão Cofi. A periferia, a fina flor e o submundo, por um lapso de tempo, dão as mãos e caminham relva adentro.
Mas aqui é diferente. Mais ainda, porque você está lá. Tudo é tão plano detalhe, que o foco, o shutter, o ganho e todas essas porras não têm importância. Consegue entender tudo isso sem valia? A saturação exagerada da cena-semi-verdade é como se fosse um teletransporte. Sinto o cheiro do suor, da richa de cães, e do corte direto para a gema mole do ovo frito sendo deflorada por um pão surrado.
É isso que quero. Sentir que não estou aqui, mas que estou lá. É assim que se viaja para lugares outrora desconhecidos, e não com uma mala, uma passagem ou um punhado de cocaína.
Iñarritu te escancara um mundo periférico, de rotina suja, de se fazer a coisa certa através de modos errados.
Porque, cada vez mais, sinto que tudo é sentimento. Como demonstrar uma representação tão abstrata quanto o amor num mundo tão concreto e materialista como esse? Seja com dinheiro, com palavras ou com um tiro no peito, AMORES BRUTOS (Amores Perros - 2006, num português errôneo, de novo) tenta mostrar um meio de exteriorizar todo o emaranhado de caos infernal que existe no coração e na cabeça de todo e qualquer ser vivo pensante.
Não existe uma resposta para a pergunta que fiz em supra. Não. Existe uma resposta absoluta para a mais evidente das perguntas? Como pode haver, se num lapso de minuto, de segundo, de milésimo, os caminhos se cruzam, se transformam, se modificam e se deformam?
E viva o cinema dos três cs: cabeça, coração e culhão!

Makson Lima.

terça-feira, 19 de maio de 2009

MEDÉIA.


Sábado passado fui ao teatro. Muito bem acompanhado, diga-se de passagem. Fomos assistir MEDÉIA. Medéia é uma daquelas tragédias gregas que sempre estiveram no meu subconsciente mas eu nunca tive ânsia para pesquisar a respeito. O que você sabe sobre a Medéia? Lembro-me da minha vó chamando garotinhos chatos de "Filhos de uma Medéia". Sei que ela preferiria chamar de filhos de alguma outra coisa, mas tudo bem... O ponto é que nunca perguntei o porque de Medéia. Só achava engraçado e pronto.
Ahm... teatro. Teatro, teatro. Teatro nunca foi minha "coisa". Grandes amigos fazem parte desse mundo e tentam me puxar pra dentro dele, mas parece que algo me arrasta pra trás. E nessa peça de sábado, dois grandes amigos estavam lá, no palco.
Não importa do que se trata em específico, filas pré-algo-que-antecipo sempre me causam uma dor de estômago. Dor confortável, costumo dizer porque não causa mal nenhum, só uma sensação de estranheza que marca o momento.
Certo, abrem-se as portas. De cara me deparo com fileiras de Doutores Caligari misturados com Yamibitos japoneses. Assustador e fascinante. Aquele sentimento pesado de choro, dor, perda, ausência, solidão... Você teria gostado muito dessa sequência inicial. Talvez tenha sido minha preferida. Talvez.
Esse talvez porque é algo que, pra mim, transcende a pergunta "Gostou ou não gostou?" Isso é tão vago quanto responder "Sim ou não". Complicado.
Medéia é um feiticeira que se entregou por completo prum sujeito que não lhe deu o devido valor. Separou-se dela e casou-se com a filha do rei do lugar onde viviam, alegando almejar uma vida mais próspera aos filhos. Aqui, Medéia é representada por toda uma cerne de personagens-atores, que tem como corpo concreto duas mulheres com personalidades contrárias, porém com os mesmos intuitos (afinal, trata-se do mesmo ser). Sinopses ridículas a parte (detesto aqueles textos que ficam atrás das caixinhas de filmes), eu mergulhei.
O grande amigo a quem me referi anteriormente fazia parte somente do coro alaranjado de servos-sentimentos. A amiga, por outro lado, esteve em evidência por diversos momentos e aí, e talvez somente aí, digo que me assustei. A intensidade era tamanha que não pude me arrastar pra trás. Pela primeira vez senti a proximidade do teatro que tanto me falam. Certo, minha bagagem é bastante modesta, mas preciso retratar minha primeira vez. As músicas a la MEDULA - sons do corpo e boca - que completavam o palco por vezes, somada aos fortes pisões uníssonos de todos os atuantes, formavam uma espécia de dança ritualística macabra que evocava tudo que de pior havia no mundo invisível em prol da vingança imortal, inadiável, inenarrável de Medéia.
Sim, ela mata os próprios filhos. Mas por amor, creio.
É difícil não misturar o que senti, com a parte crítica - e, reafirmo, vagamente crítica nesse campo - que surgem conforme o espetáculo se desenrola.
Pedi a ela alguns dias para digestão. Creio que está tudo digerido e assimilado, e o resultado está nessas palavras e no que mais não consegui expor aqui e guardei só pra mim.
Continuarei tentando. Continuarei lutando contra aquilo que me puxa pra trás, que me causa abstinência de todo esse novo mundo que surge diante de mim, o qual chamam teatro. Mas, infelizmente, o pináculo ainda não foi atingido.
Tudo bem. Enquanto isso, me levanto e aplaudo. Sinto-me feliz assim.

Makson Lima.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

THE WOODS - Lucky McKee


Não é todo dia que me deparo com um belo filme de terror. Quando isso acontece, costumo me considerar um cara de sorte. Ao menos naquele dia. Hey, querido, sabe aquele horror clássico vitoriano que tanto defendemos? Aquele Vincent Price e aquele Peter Cushing inesquecíveis? Encontrei isso tudo em A FLORESTA (THE WOODS - 2006).
Uma garota rebelde nos anos 60 é uma garota rebelde não importa a época da história da humanidade, com a diferença de que, naqueles tempos, elas costumavam - ou eram obrigadas - a obedecerem os pais. Heather é mandada a um reformatório só para garotas entre as árvores. Lugar recôndito, isolado. Não vou estragar nada pra você (além de dizer que o EVIL DEADiano Bruce Campbell tem sim um papel aqui!), mas sinta já na capa do dvd (que, felizmente, traz a mesma arte do pôster para cinema) que trata-se de um filme com um gosto diferenciado. Existe algo na tonalidade de cores que me atrai. No lugar em si, no reformatório em si. Tem vezes que tudo que se pode querer é fugir; correr pra longe, com todas as forças. Mas e se depois de correr e correr fosse esse o lugar que alcançássemos?
A noite é fria e solitária, e o dia faz com que, numa espécia de paradoxo bizarro, se deseje a noite mais do que tudo. Sei lá se é porque tenho uma tara por ruivas, mas esse filme inspirou meu ego adormecido que trata só daquela parte de escritor fantástico que existe dentro de mim. Inspirado pela beleza de cenas que trazem a essência de garotas-atrizes tuteladas por velhas-bruxas... Mais uma vez, bravo, Lucky Mckee. Bravo. Traga-me MAY, traga-me THE WOODS. Traga-me.
Querido, desculpe o trocadilho imbecilóide, mas o diretor sendo Lucky, sou eu quem me considero sortudo por ter me deparado com esta pérola.

Makson Lima.

domingo, 17 de maio de 2009

MORRISSEY - You Are The Quarry


Muita coisa tenho ouvido, mas algo deve ser mais relevante do que outras. Principalmente quando na pilha de cds encontro algo não muito novo, mas que já significou muito e volta a significar. Sabe do que estou falando?
Estou falando do You Are The Quarry, álbum do mestre Morrissey.
Lançado em 2004, a obra transmite um clima bem intenso com melodias ardentes que invade o cérebro fazendo a essência flutuar por dias e mais dias em nossos ouvidos.
Este disco está longe de ser o mais fiel aos tempos de Smiths, e também está bem longe de ser um clássico, mas reflete um clima amigável levando para um mundo bem peculiar e distorcido.
Se não ouviu, corra!
Comece por America Is Not The World e tente não se apaixonar.

Fabiano Miranda.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

LAST DAYS - Gus Van Sant


As voltas sem seqüências do admirável GUS VAN SANT, não o sustentou na hegemonia que tinha há alguns filmes atrás.
È claro que a essência é pessoal e altamente insolente de minha parte, mas odeio a condição de ser regrado. Não gosto de assumir toda e qualquer tipo de culpa, mas não sou inconstante ao ponto de aceitar o clima insólito da proposta do autor.
A idéia produzida ficou guardada em minha gaveta por algum período. Falta de tempo, coragem, descaso e mais alguns fatores, foram os frutos de minha desmotivação.
Basear sua obra nos últimos dias do ícone de uma geração regada pela escassez cultural, era de se esperar mais. Dopei minha auto-estima e tentei alçar vôos através da proposta de câmera e desisti.
Parado como outdoor de beira de estrada.
LAST DAYS é como um reflexo do MARAVILHOSO – ELEPHANT, mas com a desordem de um diretor embriagado que perde o rumo de sua volta para o lar.
Perdido, inseguro!
GUS continua sendo um dos diretores de minha predileção, mas preciso assumir que esse filme é cansativo de assistir e duro de aceitar.
De positivo, talvez o pouco diálogo (Isso me atrai bastante) e a trilha final, um capricho a parte.

Fabiano Miranda.